França presente no FIT Rio Preto com projeto que promove encontro entre dramaturgia francesa e brasileira

Nesta sexta-feira (12/7), acontece na Swift lançamento do livro com leitura dramática da obra Fiz bem?/J’ai bien fait, da dramaturga francesa Pauline Sales, traduzida por Pedro Kosovski (RJ), com participação de artistas locais

11 de julho de 2019

O Núcleo dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil, La Comédie de Saint-Étienne, o Instituto Francês e a Embaixada da França no Brasil apresentam o projeto “A Nova Dramaturgia Francesa e Brasileira”. A iniciativa bilateral prevê duas etapas: na primeira, em 2019, oito textos de autores franceses contemporâneos são traduzidos por diretores-autores brasileiros. As obras são publicadas pela Editora Cobogó e encenadas por grupos e artistas locais nos festivais que compõem o Núcleo, entre os quais, o Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto-SP (FIT Rio Preto). Em 2020, os autores brasileiros terão seus trabalhos traduzidos e publicados na França e encenados no Théâtre National de La Colline, em Paris, no Festival Actoral em Marselha e na Comédie de Saint-Étienne.
Nesta sexta-feira (12/7), o FIT Rio Preto realizará o lançamento do livro e a leitura dramática da obra Fiz bem/J’ai Bien Fait, da dramaturga francesa Pauline Sales, traduzida por Pedro Kosovski, do Rio de Janeiro/RJ. A programação será às 10h30, no Graneleiro da Swift, com a presença de Kosovski e da autora francesa. Os atores Fabiano Amigucci, Glauco Garcia, Simone Moerdaui e Vanessa Palmieri, da Cia. Cênica, de São José do Rio Preto, irão fazer a leitura dramatizada, sob direção de Kosovski.

Sobre o projeto
O projeto de Internacionalização da Dramaturgia Francesa e Brasileira foi lançado em março, na sexta edição da MITsp (Mostra Internacional de Teatro de São Paulo), com a publicação e leitura dramática da obra É a vida/C’est la vie, do dramaturgo Francês Mohamed El Khatib, traduzida pelo artista Gabriel F., de Brasília. A leitura dramatizada contou com os atores Marat Descartes, do Tablado de Arruar, e Isabel Teixeira, da Cia Vértice de Teatro.

Para realizar as traduções dos textos franceses, ainda foram convidados os artistas brasileiros: Alexandre Dal Farra, que traduz J’ai pris mon père sur mes épaules, de Fabrice Melquiot; Grace Passô, que traduz Poings, de Pauline Payrade; Jezebel de Carli, a quem cabe a obra La brûlure, de Hubert Colas; Márcio Abreu se debruça sobre Pulvérisés, de Alexandra Badea; Quitéria Kelly e Henrique Fontes trabalham com Où et quand nous sommes morts, de Riad Ghami; e Silvero Pereira traduz Des hommes qui tombent, de Marion Aubert.

Em 2020, as plateias francesas conhecerão os textos: Amores Surdos, de Grace Passô; Jacy, de Henrique Fontes, Pablo Capistrano e Iracema Macedo; Caranguejo Overdrive, de Pedro Kosovski; Maré e, também, Vida, de Márcio Abreu; Mateus 10, de Alexandre Dal Farra; Br-Trans, de Silvero Pereira; Adaptação, de Gabriel F.; e Ramal 340, de Jezebel De Carli, que serão dirigidos pelos artistas franceses.

O projeto dá continuidade a iniciativa do Núcleo de Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil de criar intercâmbio e internacionalização. Em 2015, criado pelo TEMPO_FESTIVAL com a colaboração do Núcleo, o projeto Coleção da Dramaturgia Espanhola divulgou a dramaturgia contemporânea daquele país e gerou desdobramentos: três montagens teatrais (duas no Rio de Janeiro e uma em Brasília), um longa-metragem premiado no Brasil e no exterior, além da indicação do projeto ao Prêmio Questão de Crítica.

Consciente do potencial de articulação internacional do projeto, Márcia Dias, diretora do TEMPO_FESTIVAL e uma das fundadoras do Núcleo, resume: “pelo caráter internacional dos nossos festivais, o Núcleo muitas vezes cumpre um papel de embaixador da cultura”. “Enxergamos que este tipo de ação é também um espaço de desenvolvimento socioeconômico das artes da cena; temos muito interesse em contribuir para o crescimento do país através de processos de internacionalização”, pontua.

O Núcleo trabalha na efetivação da exportação das Artes Cênicas e o projeto de Internacionalização da Dramaturgia segue se expandindo. Para os próximos anos, estão previstas a aplicação dos territórios através de ações com Holanda e Argentina.

Os festivais que compõem o Núcleo são: Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília; FIAC – Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia, em Salvador; FILO – Festival Internacional de Londrina; FIT Rio Preto – Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto; MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo; Porto Alegre em Cena – Festival Internacional de Artes Cênicas; RESIDE.FIT/PE – Festival Internacional de Teatro de Pernambuco e TEMPO_FESTIVAL – Festival Internacional de Artes Cênicas do Rio de Janeiro.

Parceria
Arnaud Meunier, da Comédie de Saint-Étienne, explica que a descoberta de novos autores e novas dramaturgias é a alma do projeto artístico que desenvolve desde 2011 na instituição. “Defender o trabalho de autores vivos e descobrir novas peças teatrais significa construir os clássicos de amanhã. Graças ao encontro com Márcia Dias, do TEMPO_FESTIVAL e à energia dos diferentes diretores dos festivais que compõem o Núcleo, nasceu a ideia de um Pleins-Feux que permitirá associar oito autores franceses a oito autores brasileiros e traduzir, assim, oito peças inéditas no idioma do outro.”

Na França, o Théâtre National de la Coline (París) e o Festival Act’Oral (Marseille) se associaram à Comédie de Saint-Étienne para trazer ao público oito peças brasileiras e seus autores. “Romper muros e construir pontes para o futuro: essa é a ambição desse belo projeto que se desenvolverá durante dois anos.”

Isabel Diegues, da Editora Cobogó, considera que a publicação do texto de uma peça lança luz sobre um de seus aspectos mais centrais, a dramaturgia. A linguagem, as ideias, as falas, os conceitos que vem da dramaturgia para a encenação ficam ali registrados para serem, também, pensados em outras encenações e desdobramentos. “Ao publicarmos no Brasil outras dramaturgias, além da nossa, possibilitamos a leitura de outros modos de pensar e fazer teatro, numa experiência de troca e alargamento do que entendemos como dramaturgia e as artes da cena”, afirma.

Currículos:
Pauline Sales (França)
Nascida em 1969, em Paris, é diretora do Préau – Centre dramatique de Normandie. Suas peças são publicadas pelo Solitaires intempestifs e bastante traduzidas para inglês e alemão. Entre suas peças mais notáveis, estão En travaux; Les arrangements e Groenland.

Pedro Kosovski (Brasil)
Dramaturgo, diretor teatral e professor de artes cênicas do Teatro O Tablado e da PUC-RIO. Em 2005, fundou a Aquela Cia., núcleo de criação teatral sediado no Rio de Janeiro. Por “Caranguejo Overdrive”, recebeu os Prêmios Shell, APTR e Cesgranrio 2016 na categoria Melhor Texto. Por “Tripas”, seu espetáculo autoral mais recente, recebeu o Prêmio Shell 2018 na categoria Inovação.

Serviço
FIZ BEM? (J’AI BIEN FAIT)
De Pauline Sales (França), com tradução e direção de Pedro Kosovski (Brasil). Atores: Fabiano Amigucci, Glauco Garcia, Simone Moerdaui e Vanessa Palmieri (Cia. Cênica/São José do Rio Preto) Lançamento do livro pela Editora Cobogó e leitura dramática 12/7, 10h30, Swift – Graneleiro