Bairros Anchieta e Solo Sagrado são temas de programas do Giro na História

Novos episódios já estão no ar no canal da Secretaria Municipal de Educação, no YouTube

27 de outubro de 2023

Os nomes das ruas guardam histórias que nem todos conhecem, e foi justamente essa a ideia que fez surgir o projeto Giro na História promovido pela Secretaria Municipal de Educação (SME), sob a coordenação dos professores Danilo Ferrari, Caio Ferreira e Bruna Gaspar.

O material didático elaborado pela equipe de formação da SME abrange lugares que fazem parte da história de Rio Preto. Todas as escolas municipais de Ensino Fundamental têm acesso ao conteúdo, sugerido para as turmas de 4º e 5º anos.

Com acesso ao público em geral, foram publicados no canal da SME no Youtube (veja abaixo, no final do texto) os novos episódios, 7 e 8, que retratam os nomes das ruas do bairro Anchieta, e o 9 e 10, que analisam os nomes das ruas do Solo Sagrado.

Anchieta

Os episódios 7 e 8 do “Giro na História” analisam os nomes das ruas do bairro Anchieta. É uma das regiões mais antigas da cidade. A denominação das ruas foi confirmada pelo Decreto Municipal 119 de 1950, ou seja, há 73 anos.

Mas o bairro já existia antes disso. O nome Anchieta é uma homenagem ao padre jesuíta José de Anchieta, que evangelizou povos indígenas na época que o Brasil era colônia de Portugal. Portanto, os nomes das ruas desse bairro giram em torno desse tema. Mas não é só isso. Essas ruas ajudam a recontar a história de uma guerra do Brasil colonial.

Os padres jesuítas e os colonizadores portugueses se envolveram num grande conflito com os povos originários, em disputa pelas terras brasileiras. Foi a chamada Guerra dos Tamoios. No episódio 7, a equipe do projeto trata das ruas com nomes de jesuítas. Já no episódio 8, são analisados os nomes referentes aos povos originários envolvidos no conflito.

“Foi muito interessante a produção desses dois episódios. Sabíamos que os nomes de ruas da Anchieta faziam referência ao Brasil colonial, mas não imaginávamos que eram nomes de pessoas e grupos que se envolveram numa guerra de alianças e disputas entre nativos e europeus. Foi preciso muita pesquisa para percebermos isso,” ressalta Danilo.

Os alunos da rede municipal poderão estudar sobre esse conflito do Brasil colonial a partir de referências concretas, ou seja, em nomes de ruas da cidade. Também poderão conhecer alguns povos originários e suas lutas pela manutenção do seu território e da sua cultura.

“Outro aspecto importante foi perceber que a sociedade rio-pretense, que nomeou essas ruas há mais de 70 anos, pretendia homenagear os colonizadores. A visão dos jesuítas foi endossada, nas descrições das placas. Mesmo assim, acabaram legando para nós, do presente, os nomes de ruas de origem indígena, por conta dos grupos originários que guerrearam contra os invasores portugueses em defesa dos seus territórios,” afirma Danilo.

Solo Sagrado

Nos episódios 9 e 10, a equipe do Giro na História analisa os nomes das ruas do Solo Sagrado. É um dos maiores bairros de São José do Rio Preto. A população é estimada em cerca de 24 mil habitantes, ou seja, maior que algumas cidades da região. O Solo Sagrado foi criado no início dos anos 1980. No início, as ruas eram apenas numeradas, pois não tinham nomes. No final da década de 80, receberam nomes de artistas brasileiros.

A equipe do projeto mostra os motivos que teriam levado a escolha desses nomes. “Sempre temos que analisar o contexto de qualquer acontecimento. O que estava acontecendo no Brasil no final dos anos 1980? O que isso tem a ver com a nomeação das ruas do Solo Sagrado? A partir daí fizemos nossa análise”, afirma Danilo.

“Além de conhecer a história nas ruas do bairro, os alunos podem conhecer alguns artistas brasileiros e suas obras”, acrescenta Danilo. “No material didático, problematizamos a figura do artista, ou seja, quem é o artista? O que ele faz? Somente pessoas muito famosas são consideradas artistas?”

Nesse sentido, os episódios 9 e 10 foram apresentados especialmente por formadores da equipe de Capacitação da SME, que além das suas profissões, desenvolvem habilidades artísticas: poesia, dança, teatro fotografia etc. “A ideia é mostrar que os artistas podem ser pessoas que também estão próximas a nós. O que define o fazer artístico não é a fama, mas sim o compromisso com a produção estética, que também é ética e política”, diz Danilo.

Todos os materiais do “Giro na História” podem ser acessados na página da Educação. Todos os vídeos contam com roteiro didático para uso em sala de aula. Os materiais ajudam a desenvolver habilidades do Currículo Paulista.

Canal da Secretaria de Educação no YouTube

Todo material produzido está disponível à comunidade. Os vídeos estão na plataforma do YouTube no canal da Secretaria Municipal de Educação (SME).

Link da proposta pedagógica e apresentação do Giro na História

> O 1º episódio mostra quem são as pessoas que dão nome às ruas do centro de Rio Preto

> O 2º episódio é uma continuação dos nomes das ruas do centro de Rio Preto (Parte 02)

> O 3º episódio é sobre os nomes das ruas do bairro Jardim Paulista

> O 4º episódio é sobre personalidades negras que dão nomes a locais públicos

> O 5º episódio mostra a relação entre as ruas da Vila Ercília e o Brasil Império

> O 6º episódio é uma continuação sobre as ruas da Vila Ercília e o Brasil Império (Parte 02)

> O 7º episódio é sobre as ruas do bairro Anchieta e o Brasil colonial

> O 8º episódio é uma continuação do bairro Anchieta e o Brasil colonial

> O 9º episódio fala sobre as ruas do Solo Sagrado e os artistas brasileiros

> O 10º episódio também é sobre as ruas do Solo Sagrado e os artistas brasileiros (Parte 02)

Texto: Cristiano Furquim/Secretaria de Educação
Foto: Divulgação/Secretaria de Educação