Campanha pelo 8 de Março convida sociedade a vestir preto contra o feminicídio

A proposta é que, como adiantado pelo enunciado do evento, toda a sociedade rio-pretense participe de um protesto silencioso e provocativo

1 de março de 2019

Embora o clima seja de folia por conta do Carnaval, uma data muito importante vem logo em seguida à Festa de Momo: o Dia Internacional da Mulher. Neste ano, a Secretaria dos Direitos e Políticas para Mulheres, Pessoa com Deficiência, Raça e Etnia, por meio do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM), celebra a data com a campanha 8 de Março contra o Feminicídio – Vista-se de Preto!.

A proposta é que, como adiantado pelo enunciado do evento, toda a sociedade rio-pretense participe de um protesto silencioso e provocativo, a fim de discutir o grave problema da violência contra a mulher, que encontra seu limite no assassinato de pessoas em razão de serem do sexo feminino.

“O feminicídio é o crime prescrito na lei 13.104/2015, sendo uma modalidade de homicídio qualificado, um crime hediondo. Comum em sociedades machistas, como ainda é a brasileira, ele é motivado por ódio, desprezo ou sentimento de perda do controle e da propriedade sobre as mulheres”, explica a secretária da pasta, Maureen Leão Cury.

Os números comprovam que ser mulher no Brasil é, em si, uma condição de risco. Segundo Atlas da Violência (IPEA), a cada 2 horas, em média, uma mulher é morta no Brasil simplesmente por ser mulher. Em 2016, 4.645 mulheres foram assassinadas no País, e, em 33 anos, mais de 100 mil brasileiras foram mortas por esse tipo de crime.

“Aqui em Rio Preto, sabemos que do ano passado pra cá, um período de 14 meses, 11 mulheres foram vítimas de feminicídio; um número cinco vezes maior que no ano anterior”, alerta a presidenta do CMDM, Monica Abrantes Galindo. “Por essa razão entendemos que não podemos nos calar, mas chamar todos os setores da sociedade a pensarem e discutir esse assunto conosco”, completa.

Ao longo dos últimos dias, a campanha ganhou o apoio de órgãos públicos, organizações de classe, entidades, tais como: Comissão dos Direitos da Mulher da Câmara Rio Preto, Acirp, Sesi Rio Preto, Senac Rio Preto, Sebrae Rio Preto, Sesc Rio Preto, LIDE Rio Preto, Hospital de Base, UNESP – Ibilce.

As orientações para quem deseja aderir à campanha 8 de Março contra o Feminicídio – Vista-se de Preto! são:

1 – Oriente e incentive seus companheiros, colaboradores, associados, parceiros e respectivas cadeias de contato a vestirem-se de preto no dia 8 de março. Caso não seja possível o uso de roupas, adotem algum adereço na cor preta, como uma fita visível amarrada ao pulso ou ao braço;

2 – Promova, na medida do possível, reflexões (palestras, debates, rodas de conversa, coffee work, etc.) a respeito do feminicídio, da violência contra a mulher e da responsabilidade social no enfrentamento dessa complexa questão;

3 – Fotografe a adesão de sua comunidade ao convite de vestir-se de preto e também as atividades de reflexão realizadas;

4 – Compartilhe esse registros fotográficos em suas redes sociais, utilizando as hashtags (#): #feminicidio #8demarço #riopreto #8demarçoriopreto #8demarçorp #disque180 #riopretocontraofeminicídio #combinamosnãomorrer #riopretomulheres #mulheresriopreto #violenciacontramulher

5 – Confirme presença e acompanhe as novidades sobre a campanha no evento 8 de Março contra o Feminicídio – Vista-se de Preto!, no facebook da Prefeitura.

Tradicional recepção no 8 de março

A programação pelo Dia Internacional da Mulher inclui a tradicional recepção às servidoras públicas municipais, a partir das 7h30 manhã da próxima sexta-feira (8), no Paço Municipal, pelo prefeito Edinho Araújo, pela primeira-dama e presidente do Fundo Social de Solidariedade, Maria Elza Araújo, e pela secretária Maureen Leão Cury.

“Certamente, nós vamos endossar esse alerta quanto à segurança da vida das mulheres. Recentemente, alcançamos uma importante e antiga reivindicação que é a instalação do Anexo de Violência Doméstica. Nesse sentido, vamos continuar avançando e somando forças para proteger e dar suporte às mulheres vítimas de violência”, declara o prefeito Edinho Araújo.

Na mesma manhã, a Secretaria dos Direitos e Políticas para Mulheres, Pessoa com Deficiência, Raça e Etnia recebe convidados e usuários com um café da manhã especial a fim de celebrar a data.

Serviços municipais voltados ao atendimento da mulher

O Centro de Referência de Atendimento à Mulher – CRAM e a Casa Abrigo para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica de Longa Permanência são os serviços municipais de acolhimento às mulheres vítimas de violência. Em 2018, o CRAM atendeu 1.149 mulheres, totalizando 4.713 atendimentos. Já a Casa Abrigo acolheu 33 mulheres, 47 dependentes, realizando 371 atendimentos.

* O Centro de Referência e Atendimento à Mulher – CRAM, é um espaço de acolhimento, escuta e atendimento às mulheres em situação de violência doméstica, instituído pela Lei 9.553, de 08 de dezembro de 2005, desenvolvido pela Secretaria Municipal dos Direitos e Políticas para Mulheres, Pessoa com Deficiência, Raça e Etnia, em consonância com o Plano Nacional de Políticas para Mulheres, o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres e as Diretrizes e Normas do Atendimento à Mulher em situação de Violência.

O CRAM presta acolhimento, orientações, acompanhamento social, psicológico e jurídico às mulheres em situação de violência doméstica e familiar, buscando fortalecer sua autoestima e romper com o ciclo da violência, em conformidade à Norma Técnica de Uniformização dos Centros de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência e com base na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006).

As mulheres em situação de violência doméstica e familiar, são acolhidas e encaminhadas ao atendimento inicial a ser realizado por uma dupla de profissionais, composta por um (a) assistente social e um (a) psicólogo (a). No atendimento, é colhido o histórico de vida, estabelecido uma relação de confiança e credibilidade, proporcionando uma escuta respeitosa e não julgadora, bem como, refletindo sobre a situação de violência e avaliação de um possível abrigamento, realizando orientações, intervenções e encaminhamentos necessários. Além disso, será prestado acompanhamento social, psicológico, psicossocial, jurídico, sociojurídico, familiar e grupos reflexivos.

* A Casa Abrigo para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica de Longa Permanência faz parte de um programa de políticas públicas de prevenção, assistência e combate à violência doméstica e de gênero. Nela temos acolhimento provisório para mulheres, acompanhadas ou não de seus filhos, em situação de risco de morte ou ameaças em razão da violência doméstica e familiar, causadora de lesão, sofrimento físico, sexual, psicológico ou dano moral. Esse projeto é desenvolvido em local sigiloso, que assegure a obrigatoriedade de manter o sigilo quanto à identidade das usuárias.

A Casa Abrigo para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica de Longa Permanência tem como objetivo acolher e garantir integridade física ou psicológica de mulheres em risco de vida e seus filhos menores de 18 anos e/ou dependente, quando estiver sob sua responsabilidade.

O acesso é realizado através da rede socioassistencial em especial os serviços de atenção às mulheres em situação de violência doméstica: Poder Judiciário, Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, Centros de Referência Especializados da Assistência Social – CREAS, Centro de Referência e Atenção à Mulher – CRAM dos municípios cooperados e do município de São José do Rio Preto.

Atenderá em acolhimento institucional até 05 famílias (mulheres e filhos) por mês, sendo 04 vagas para o município de São José do Rio Preto e 1 vaga para outros municípios, por um período de até 120 dias, podendo este prazo ser reduzido ou ampliado conforme a situação de risco.

Ainda com relação à violência contra a mulher em Rio Preto, segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN, em 2018:
– A cada 6 dias, em média, 1 mulher sofreu violências psicológicas, como ameaças e ofensas;
– A cada 5 dias, em média, 1 mulher sofreu violência sexual;
– Em média, 3 mulheres por dia sofreram algum tipo de violência;
– Em média, 1 mulher por dia sofreu violência física, sendo que 90% dessa violência foi praticada por parceiro íntimo (marido, ex marido, namorado, ex namorado);
– E ainda, a cada dia, 1 mulher tentou o suicídio em virtude de situação de violência.

Programação estendida

Ao longo do mês de março, a Secretaria dos Direitos e Políticas para Mulheres, Pessoa com Deficiência, Raça e Etnia promoverá e apoiará diversas ações que contemplem a questão da mulher na sociedade.

O Centro de Referência e Atendimento à Mulher – CRAM promoverá palestras e oficinas, sendo elas:

07/3
8h: Roda de conversa na UBSP São Francisco
19h: Oficina no órgão gestor da assistência social da cidade de José Bonifácio
19h: Palestra na empresa Fisaep

12/3 – 14h: Roda de conversa no Centro POP

14/3 – 15h: Roda de conversa na UBS Cidade Jardim

15/03 – 15h: Roda de conversa na Cooperlagos

A Secretaria, por meio do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM), também apoia a programação do Combinamos Não Morrer – Março das Mulheres*, promovida por coletivos da cidade.

PROGRAMAÇÃO Combinamos Não Morrer – Março das Mulheres (8 a 14/3) *

08/03
07h30
Local: Prefeitura
Recepção às servidoras municipais
Todos os coletivos

16h30
Local: Prefeitura (concentração), Calçadão e Terminal Rodoviário (dispersão)
Ato público 8 de Março contra o Feminicídio – Vista-se de Preto!
Todos os coletivos

19h
Local: CEU das Artes
Peça ‘Negras’ + Roda de resgate da autoestima
Coletivo Feminista Lugar de Mulher É Onde Ela Quiser

09/03
14h
Local: CEU das Artes
Roda de Psicodrama
Mediação: Jéssica Oliveira
Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro e Manas no Coletivo

10/03
16h
Local: Represa Municipal, em frente à escadaria
Roda de conversa: Mulheres e seus estereótipos
Mediadoras: Juliana Santos e Bruna Arruda
Coletivo Juntas

11/03
9h às 17h
Local: ADUNESP
Feira e ciclo da vida sem veneno e sem feminicídio
Lançamento do livro História de Luta das Mulheres do Assentamento Egídio Brunetto
Coletivo Lugar de Mulher É Onde Ela Quiser

19h
Local: ADUNESP
Peça ‘Negras’ + roda de conversa
Lançamento do livro ‘História de Luta das Mulheres do Assentamento Egídio Brunetto’
Mediação: Joice Lopes (Direção Estadual MST) e Grupo de Teatro Desafio
Coletivo Lugar de Mulher É Onde Ela Quiser

12/03
19h30
Local: Sede da Cia Cênica
Roda de conversa sobre Direitos Sexuais e Reprodutivos
Mediadoras: Bruna Giorjiani de Arruda, Helena Ribeiro e Flávia Benetti
Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro

13/3
19h
Local: Câmara Municipal
Debate “A violência machista e a reforma da previdência”
Mediadoras: Ane Carolina e Marcela Azevedo
Movimento Mulheres em Luta

14/03
17h
Local: Em frente à Câmara Municipal
Anoitecer por Marielle
Todos os coletivos

LOCAIS
Prefeitura: av. Alberto Andalo, 3030
CEU das Artes: rua Robson Augusto Lopes de Diaveiro, Nova Esperança
Represa Municipal, em frente à escadaria
ADUNESP: rua Cristóvão Colombo, 2265 – Jardim Nazareth
Sede da Cia Cênica: av. das Hortências, 263 – Jardim dos Seixas
Câmara Municipal: rua Silva Jardim, 3357

* Programação sujeita a alteração.