O Festival – JBC 2020

 

A arte do riso

Esta edição do Janeiro Brasileiro da Comédia é a comprovação do nosso compromisso com a cultura e a arte.
Criamos o JBC em 2003 e nesta atual gestão realizamos as edições de 2017 a 2020, sempre investindo na pesquisa e na reflexão acerca do teatro e do ser humano.
O Janeiro Brasileiro da Comédia é o único festival do gênero no país e se concretizou como um dos principais palcos de discussão sobre o poder do riso.

Tudo indica que o riso é um elemento importante de nossa biologia comportamental humana. Ele parece ter sido selecionado pela evolução como um dispositivo importante para a nossa sobrevivência. Entender o riso significa compreender as nossas raízes sociais e biológicas e aprimorar as nossas relações sociais.

Nestas relações entendemos a cidade como um organismo vivo e propomos a Mostra Descentralizada, que levará apresentações para oito diferentes espaços, além da utilização do Teatro Municipal Paulo Moura como palco principal.

Espetáculos, reflexões, debates e oficinas que terão a função de ativar o senso crítico do cidadão e contribuir para a manutenção de nossa democracia, proporcionando encontros entre os artistas criadores e o público, que elevarão ainda mais a qualidade de vida de nossa cidade.

Sejam bem-vindos ao Janeiro Brasileiro da Comédia, edição 2020.

Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto

 

Ativação do pensamento inteligente

A comicidade, pensada na condição de uma potência/faculdade humana, é ativada por intermédio das coisas/situações/pessoas risíveis. Nessa perspectiva, a comicidade, o cômico e o risível não se caracteriza em qualidade/condição do gênero comédia. O cotidiano, sobretudo em situações que saem fora do eixo, do estipulado, das partituras tidas e impostas como certas e normais, tendem a despertar o riso. Portanto, a comicidade, que é percebida por meio de diferentes formas e tratamentos cômicos, infesta o social. Henri Bergson, em O Riso: Ensaio sobre a Significação do Cômico, apresenta inúmeros exemplos de como e onde o cômico/a comicidade podem ser percebidas. Além disso, e é preciso pensar profundamente sobre, o autor francês afirma que o “riso intenta (provoca) a inteligência”. Ou seja, rimos daquilo que entendemos: nessa perspectiva, agora, sim, a comédia objetiva a ativação do pensamento inteligente. Evidentemente, não são todas as obras cômicas que fazem isso. Obras tecidas a partir de preconceitos (de todas as naturezas) e que buscam o riso fácil e gravitam no senso-comum, podem até ativar a inteligência, mas o fazem de preservação da moral dos detentores do poder da vez.

Em nossa seleção, tendo absoluta convicção de que um evento como um festival cômico pode e deve potencializar e expandir as percepções críticas e estéticas, tanto do público (formado por pessoas de todos os estratos sociais, idades, crenças e apreensões sensíveis) como das/dos artistas, buscamos selecionar espetáculos cujos tratamentos composicionais tivessem sido tecidos e urdidos a partir de diferentes comicidades em: suas estruturas, temas selecionados e personagens arquetípicas. Desse modo, ao longo dos oito dias que compõem o importante evento (que até onde se sabe é o único no formato do país), comicidades das mais sutis às mais grotescas; apresentadas em espetáculos nas ruas e em espaços fechados; a partir de cenas mais cotidianas ou folclóricas; por meio de “idiomas” mais conhecidos e outros mais pantomímicos e visuais; por obras de estados diferentes do Brasil; pela formação distintas de coletivos teatrais; através de textos consagrados àqueles urdidos de modo coletivo (esta tem sido uma característica intrínseca da comédia)…, acreditamos que o JBC 2020, como em outras edições deixará rastros de memórias e novas possibilidades de criação.

O Janeiro Brasileiro da Comédia_2020 passará em revista, a partir de um amplo espectro de criação e manifestações (que são os espetáculos), a vida (extra) cotidiana… Além de tudo isso, o evento, que se insere, também, em proposta culturalista de formação, promoverá conversas após os espetáculos selecionados e oficinas com os grupos selecionados. Parafraseando Carlos Drummond de Andrade, no poema A Noite Dissolve os Homens: “Havemos de amanhecer!”

Alexandre Mate, Cida Almeida e Ésio Magalhães
Comissão de Seleção

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